Sou professora do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas pelo Parfor (Programa de formação de professores da CAPES), na Universidade do Oeste de Santa Catarina, Unoesc, campus Videira/SC e no momento estou orientando 6 projetos na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado I. Dois fazem relação aos micro-organismos e quatro as questões ambientais.
Ao longo dos meus últimos posts, já falei sobre vírus e bactérias para auxiliar os acadêmicos nas orientações e também, mostrar assuntos interessantes e pertinentes, inclusive para os meus alunos pré-vestibulandos do VideVest.
Para hoje, apresentarei dados sobre meio ambiente, sustentabilidade e aquecimento global.
Para começar, trago a reportagem de Tasso Azevedo, disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-do-clima/2014/11/07/uma-sintese-para-incomodar/?utm_source=redesabril_psustentavel&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_psustentavel_blogdoclima, que trata sobre as últimas conclusões a que o IPCC (Painel intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) que foi publicado no dia 02 de novembro de 2014.
Segundo o autor "O resultado incomoda pela contundência ao relatar as mudanças do
clima já em curso e os impactos sobre as pessoas e a vida em todo
planeta e a necessidade de esforço para limitar emissões de gases de efeito estufa (GEE) muito mais drástica do que a apontada em qualquer outro relatório anterior.
Este incômodo precisa servir de inspiração para acelerar a
implementação de ações de adaptação e mitigação já e aumentar o nível de
ambição ao limite para dar forma ao novo acordo climático global a ser fechado na Conferência de Paris – COP21, em 2015.
O resumo para tomadores de decisão em políticas públicas (Summary for
Police Makers) do Relatório Síntese merece ser lido por todos os
envolvidos com o desenvolvimento de estratégias em empresas,
organizações não-governamentais e governo.
A seguir os principais pontos do Relatório Síntese do 5º Relatório do IPCC:
1. MUDANÇAS OBSERVADAS E SUAS CAUSAS
A influência humana sobre o sistema climático é clara, e
o registro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa recentes é o
maior da história. As recentes mudanças climáticas tiveram impactos
generalizados sobre os sistemas humanos e naturais.
O
aquecimento do sistema climático é inequívoco e,
desde os anos 1950, muitas das mudanças observadas não têm precedentes
ao longo de décadas a milênios. A atmosfera e o oceano têm aquecido, as
quantidades de neve e gelo têm diminuído e o nível do mar subiu.
Cada uma das três últimas décadas tem sido sucessivamente mais
quentes na superfície da Terra do que qualquer década anterior desde
1850. O período de 1983 a 2012 foi provavelmente o mais quente no
período de 30 anos dos últimos 1.400 anos no Hemisfério Norte. Essa
avaliação só é possível nesse hemisfério pela disponibilidade de dados
históricos. Os dados de temperatura médias globais – combinadas
superfícies terrestres e oceânicas -, calculadas por uma tendência
linear, mostram aquecimento de 0,85 oC durante o período de 1880-2012.
Da energia retida pelo aumento da concentração de GEE na atmosfera,
90% está acumulando nos oceanos. Mais de 1/3 do carbono que emitimos
está sendo absorvido pelo oceano, causando sua acidificação (26% em
relação à era pré-industrial).
As emissões antropogênicas de gases de efeito de
estufa aumentaram desde a era pré-industrial, impulsionado em grande
parte pelo crescimento econômico e populacional e, agora, estão maiores
do que nunca. Isto levou as concentrações atmosféricas de dióxido de
carbono, metano e óxido nitroso, que são sem precedentes, pelo menos,
nos últimos 800 mil anos. Seus efeitos, juntamente com os dos outros
fatores antrópicos, foram detectados em todo o sistema climático e são a
causa dominante do aquecimento observado desde meados do século 20.
Metade das emissões entre 1750 e 2011 aconteceu nos últimos 40 anos.
As emissões acelerarão entre 2000-2010 (2,2% a.a.) em relação ao período
1970-2000 (1,3% a.a.).
Nas últimas décadas, as mudanças climáticas têm causado impactos nos
sistemas naturais e humanos em todos os continentes e através dos
oceanos. Impactos são devido às alterações climáticas observadas,
independentemente de sua causa, o que indica a sensibilidade dos
sistemas naturais e humanos para a mudança climática.
Mudanças na frequência, intensidade e duração de eventos
meteorológicos e climáticos extremos têm sido observadas desde 1950,
incluindo extremos de calor e frio, eventos de seca e de excesso de
chuva.
2. MUDANÇAS CLIMÁTICAS, RISCOS E IMPACTOS
A contínua emissão de gases de efeito estufa causará mais aquecimento e mudanças de longa duração
em todos os componentes do sistema climático, aumentando a
probabilidade de impactos severos, invasivos e irreversíveis para as
pessoas e os ecossistemas. Limitação das alterações climáticas exigiria
reduções substanciais e sustentadas nas emissões de gases de efeito
estufa, que, juntamente com a adaptação, pode limitar os riscos das
mudanças climáticas.
Em grande parte, emissões acumuladas de CO2 determinam aquecimento
médio da superfície global no final do século 21 e além. E há projeções
que indicam que as emissões de gases de efeito estufa podem variar em
uma ampla faixa, dependendo tanto da política de desenvolvimento e do
clima socioeconômico.
A temperatura da superfície deverá aumentar ao longo
do século 21 em todos os cenários de emissões avaliadas. É muito
provável que as ondas de calor ocorram com mais frequência e durem mais
tempo, e que os eventos extremos de precipitação vão se tornar mais
intensas e frequentes em muitas regiões. O mar vai continuar a aquecer e a acidificar e seu nível global a subir.
A mudança climática vai amplificar os riscos existentes e criar novos riscos para os sistemas naturais e humanos.
Os riscos são distribuídos de forma desigual e são, geralmente, maiores
para as pessoas desfavorecidas e as comunidades em países de todos os
níveis de desenvolvimento.
Muitos aspectos das mudanças climáticas e impactos associados
continuarão a agir por séculos, mesmo se as emissões antrópicas de gases
de efeito cessarem por completo. Os riscos de mudanças abruptas ou
irreversíveis aumentam à medida que se amplia o aquecimento.
3. CAMINHOS PARA ADAPTAÇÃO, MITIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Adaptação e mitigação são estratégias
complementares para reduzir e gerir os riscos da mudança climática.
Reduções substanciais de emissões ao longo das próximas décadas podem
reduzir os riscos climáticos no século 21, aumentar as perspectivas de
adaptação eficaz e reduzir custos e desafios de mitigação em longo
prazo.
A tomada de decisão eficaz para limitar as alterações climáticas
e seus efeitos pode ser informada por uma ampla gama de abordagens
analíticas para avaliar riscos e benefícios esperados, reconhecendo a
importância da governança, as dimensões éticas, equidade, juízos de
valor, avaliações econômicas e diversas percepções e respostas ao risco e
à incerteza.
Sem os esforços de mitigação adicionais além daquelas em vigor hoje – e mesmo com a adaptação -, o aquecimento até o final do século 21 vai levar à multiplicação dos riscos de impactos graves,
generalizados e irreversíveis em todo o mundo. A mitigação envolve
cobenefícios e risco de possíveis efeitos colaterais adversos, mas estes
riscos não se comparam aos impactos graves, generalizados e
irreversíveis como riscos da mudança climática, aumentando os benefícios
dos esforços de mitigação de curto prazo.
A adaptação pode reduzir os riscos de impactos das mudanças
climáticas, mas há limites para sua eficácia, especialmente em casos de
maiores magnitudes da mudança climática. Por isso, quanto antes for
implantada, aumentará as futuras opções de adaptação e preparação.
Ainda existem caminhos possíveis para limitar o aquecimento em níveis
abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais. Para trilhá-los, é
preciso reduzir substancialmente as emissões de GEE até meados do
século e quase nulas até o final do século. A implementação de tais
reduções nos coloca diante de desafios tecnológicos, econômicos, sociais
e institucionais substanciais, que aumentam com atrasos na
implementação das ações e do desenvolvimento das principais tecnologias
ainda não disponíveis em escala comercial.
4. ADAPTAÇÃO E MITIGAÇÃO
Nenhuma ação de mitigação e adaptação é suficiente por
si só. Sua implementação efetiva depende de políticas e de cooperação em
todas as escalas, e pode ser reforçada através de respostas integradas
que apontam adaptação e mitigação com outros objetivos sociais.
As opções de adaptação existem em todos os setores, mas seu contexto
de aplicação e de potencial para reduzir os riscos relacionados com o
clima é diferente em todos os segmentos e regiões. Algumas respostas de
adaptação envolvem cobenefícios significativos, sinergias e trade-offs.
Aumentar a mudança climática aumentará os desafios para muitas opções de
adaptação.
A mitigação pode ser mais eficaz se for utilizada em uma abordagem integrada que combina medidas para reduzir o consumo de energia, aumentar a eficiência energética, descarbonizar o fornecimento de energia, reduzir emissões líquidas e aumentar sumidouros de carbono nos setores agropecuário e florestal.
Respostas de adaptação e mitigação eficazes dependerão de políticas e
medidas em várias escalas: internacionais, regionais, nacionais e
subnacionais. Políticas em todas as escalas de apoio ao desenvolvimento
de tecnologia, difusão e transferência, bem como financiamento para
respostas às mudanças climáticas, pode complementar e melhorar a
eficácia das políticas que promovem diretamente a adaptação e a
mitigação.
As mudanças climáticas são uma ameaça ao desenvolvimento sustentável.
No entanto, há muitas oportunidades de vincular mitigação, adaptação e à
busca de outros objetivos sociais através de respostas integradas".
Fica como sugestões de leitura os seguintes links:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130924_ipcc_relatorio_dez_perguntas_vj_rw
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/03/ipcc-alerta-que-pobres-serao-os-mais-castigados-por-mudancas-climaticas.html
http://topicos.estadao.com.br/ipcc