quinta-feira, 18 de junho de 2015

Os tumores e a divisão celular

Essa semana, estarei falando, nas aulas de biologia celular, sobre divisão celular. E ao falar sobre esse assunto gosto muito de abordar a relação entre as células cancerígenas e o ciclo celular.

As células somáticas do corpo humano possuem um ciclo celular. Existem aquelas que estão em constante divisão (pele), enquanto que outras paralisam em uma etapa chamada G0 e ficam nessa etapa até receber um estímulo (células do osso quando fraturado) ou indefinidamente (como ocorre com os neurônio).
Perceba, na imagem acima, que durante a divisão celular existe dois pontos de checagem para verificar se não ocorreu nenhuma anomalia durante o processo.

No entanto, por fatores genéticos (20%) ou ambientais (80%) as células perdem o time de divisão celular e passam a fazer isso mais rapidamente, originando um TUMOR.

Mas quando as células perdem o seu time?
Células somáticas agem em conjunto formando os tecidos. No entanto, agressões contínuas, por poluição, radiação, agrotóxicos, fumaça, substâncias tóxicas em geral, os carcinogênicos, acabam danificando o material genético da célula que começa a comporta-se como um ser unicelular e se multiplica rapidamente para garantir a sua sobrevivência.

O tumor pode ser classificado em benigno ou maligno dependendo da velocidade de proliferação das células.

Os tumores malignos passam a ser chamados de CÂNCER e possuem como principais características: 
1. perda da adesividade - se separando das demais células.
2. realização de diapedese - a célula emite pseudópodes e consegue transitar entre os tecidos.
3. destruição da matriz extracelular - a fim de facilitar o seu deslocamento.
4. angiogênese - produção de vasos sanguíneos para si, a fim de suprir os nutrientes necessários para a produção de energia, fundamental na multiplicação celular.
5. capacidade de evadir dos mecanismos do sistema imunológico - ao recolher o glicocálix, açúcares presentes na membrana plasmática, as células cancerígenas não são reconhecidas pelo sistema imunológico, que não consegue destrui-las.
6. aderência aos epitélio dos vasos - que causa uma inflamação, o que facilita a sua disseminação entre os tecidos.


E onde a quimioterapia age?
Durante a divisão celular, temos a formação do fuso mitótico, ou fuso acromático, a partir dos ásteres produzidos pelos centríolos. Esse fuso é formado pela polimerização dos microtúbulos.
Na imagem abaixo vemos as fases da mitose, os microtúbulos em verde e como estão organizados.


Portanto, para a célula se dividirem os microtúbulos precisam se ligar aos cinetócoros dos centrômeros e puxar as cromátides-irmãs para os pólos opostos. Entendido?
Pois é na formação dos microtúbulos que os quimioterápicos agem. Ou seja, eles impedem que os microtúbulos se formem e dessa forma interrompendo a divisão celular.
No entanto, uma vez dentro do corpo, esses remédios não agem somente as células cancerígenas e acabam destruindo TODOS os microtúbulos que são formados.
Portanto, todas as células que se multiplicam, como as do folículo capilar, as da medula óssea, as das gônadas (ovário e testículos), entre outras células, acabem sendo danificadas o que justifica as reações adversas que esse tipo de tratamento ocasiona.





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